Conversación en Lisboa: do Impulso Arquivial

Este miércoles 18 de enero de 2017 he tenido la oportunidad de mantener una conversación con José Gomes Pinto y José Bragança  Museu Berardo en el contexto de un encuentro que han titulado Do impulso arquivial [Del impulso archivante]. Espero que fuera interesante para la audiencia del museo tanto como lo fue para mí. Ye he ido en otras ocasiones y siempre es una suerte poder converesar con Pinto y Bragança, dos pensadores necesarios en la filosofía peninsular y a los que habría que leer del otro lado de la raya. De momento, copio aquí mi propuesta inicial y el programa. El título que di a mi intervención fue: ” El archivo, lo subjetivo del medio”:

“Sobre el planteamiento de una sobreexplotación del concepto de archivo en la reflexión filosófica contemporánea, que afecta a las disciplinas creativas desde el arte contemporáneo a la comunicación audiovisual, se enfoca esta conversación a partir de dos dimensiones complementarias. Por un lado, desde la perspectiva de la devoración de unos medios sobre otros, bajo lo que se ha denominado “condición postmedia”, una etiqueta pendiente de redefinición. Por otro, desde la experiencia subjetiva de la acción archivante, como búsqueda destinada al fracaso del “asiento registral” para los fragmentos biográficos. El objeto paradójico de esta relación será la propuesta para debatir con los compañeros de mesa en este encuentro”.

José Bragança de Miranda: «Anarquivo»
Mallarmé num denso texto fala de uma “tempestade na biblioteca”. A situação é clara: milhares de capas e títulos que se ladeiam, se atropelam  deslizam uns sobe os outros,  e deslizam, provocando um choque. Entra em crise a velha Lei do mundo, esse arquivo perfeito de Deus, ao mesmo tempo que se constitui a nova lei do arquivo moderno, positiva, administradora, gestora. Potente, mas sem força, enquanto que a antiga tinha força mas era ou foi impotente, historicamente. O que se revela na época actual é uma nova capacidade anarquivística, um vazio que se joga nos silêncios e limites dos arquivo. Não se apercebe esse silêncio sem  uma atenção à tempestade que se desencadeia no seu espaço atmosférico. E, neste, sobrevêm as condições para outras formas da vida, enunciadas alusivamente na biblioteca fantástica de Foucault ou de Borges.
Victor del Rio: «O arquivo: o subjectivo do meio»
Sobre a focagem de uma sobre-exploração do conceito de arquivo na reflexão filosófica contemporânea, que afecta as disciplinas criativas desde a arte contemporânea à comunicação audiovisual, faremos o enfoque, nesta apresentação, a partir de duas dimensões complementares. Por um lado, desde a perspectiva da devoração de uns meios sobre outros, sob aquilo que se denominou “condição pós-media”, uma etiqueta ainda pendente de definição. Por outro lado, desde a experiência subjectiva da acção arquivadora, como procura destinada ao fracasso do “assento registante” para os fragmentos biográficos. O objecto paradoxal desta relação será a nossa proposta.
José Gomes Pinto: «Arquivo: uma teologia democratizada e tecnificada»
Há uma nova ordem instalada na contemporaneidade e que se prende com um problema temporal, onde o tempo cronológico não se separa do tempo histórico, onde as res gestae são concomitantes às res narratae, onde o dizer –que descreve e guarda− se não se distingue do acontecimento, do fazer-se no presente, real. O arquivo, enquanto dispositivo e enquanto princípio, dita assim uma forma absoluta e aparece como um absoluto técnico mas, e ao mesmo tempo, com um acesso hoje generalizado, aparentemente democratizante. A constituição do arquivo, por outro lado, está sempre dependente da dispositivos técnicos e estes são sempre os responsáveis pela constituição da História e todos os media da história são media de transmissão, difusão e armazenagem. Assim sendo, a constituição do arquivo hoje parece estar a assumir um papel absoluto: não permite quaisquer relações com o seu exterior. Só dentro dele as relações são possíveis e todas as relações são estabelecidas nele. Esse carácter absoluto aparece como uma nova forma de teologia que, como afirma Boris Groys, surge agora como democratizada e tecnificada.

Leave a Reply

.